RESENHA
CRÍTICA DO FILME: QUANTO VALE OU É POR QUILO?
DE
SÉRGIO BIANCHI
O
filme retrata um pouco da realidade brasileira sem fantasias e romantismos.
Toda a história perpassa em fortes momentos de incursões feitos entre o passado
e o presente. Percebe-se que o autor do filme buscou enfocar esse “intercâmbio
temporal” no sentido de mostrar, que no Brasil, pouco se mudou desde a época
que fomos colonizados. É fácil constatar vários resquícios advindos de uma das
piores atrocidades acontecidas nesse país, que é a escravidão. Tempo esse que
ainda encontra vestígios quando pseudo-contratamos uma babá analfabeta para ser
nossa empregada em troca de um salário irrisório, por exemplo.
O núcleo central da
trama com certeza gira em torno da escravidão, o maior vilão da história, e
seus males no decorrer dos séculos. Isso nos conduz a ideia de que ele não
acabou e nem está perto de acabar. O que se vê é que no Brasil se construiu um
abismo social pautado, dentre outras coisas, na questão da raça. Há tempos se foi
aprovado a tal lei áurea, mas ela de fato não passou de um mero papel sem
muitos benefícios aos negros escravizados.
Esse
filme demonstra como os negros herdaram uma herança maldita efeito de anos de
sofrimento por conta da escravidão, quando, por exemplo, há a comparação dos
navios negreiros com os presídios, ou seja, são similares a partir do momento
que há um tipo específico que ocupam esses ambientes: negros, pobres e jovens.
Outra abordagem histórica fica por conta da figura dos capitães do mato,
sujeitos outrora contratados para resgatar escravos fugidos aos seus donos. A
questão é quem se assemelharia a esse personagem nos dias atuais. A meu ver os
policiais hoje teriam esse papel na contemporaneidade. Saem as ruas correndo
atrás e prendendo mandando direto para os presídios os navios anteriormente citados.
Fora
isso, há também a abordagem das instituições de assistencialistas de caridade
como apropriação de setores da burguesia como marketing pessoal. Não que essas
associações não tenham funções sociais, mas o se trata o lado ruim dela quando
principalmente ela cai em mãos erradas. Quando serve para fins de promoção
pessoais ou eleitoreiros, a corrupção haja vista que muitos recebem auxílios
governamentais.
Enfim, foi exposto de
maneira nua e crua como as consequências de anos e mais anos de exploração e
escravidão deixaram um rastro sem precedentes no Brasil da qual amarguramos
seus efeitos até hoje. A questão da falta de perspectiva, violência, sub
emprego, desigualdade social, racismo e a falta de comprometimento das
autoridades face a esse quadro de caos social generalizado. Para finalizar
enfatizo o uso dos três pês na realidade brasileira. Na era escravocrata a
ordem era oferecer aos negros pão, pano e pau. Hoje, permanece essa lógica dos
três pês, diferentes somente nos caracteres dos que vão para os presídios, os:
pretos, os pobres e as putas.
Por saulo barreto
Nenhum comentário:
Postar um comentário