segunda-feira, 22 de abril de 2013

OBRA DE GUIMARãES ROSA SERá TEMA DO CAFé LITERáRIO DE ABRIL NO ODYLO





O Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, promove a edição de abril do Café Literário, na terça-feira, dia 23, às 19h na galeria Valdelino Cécio do Centro de Criatividade, na Praia Grande.

O professor, escritor, advogado e psicanalista Agostinho Ramalho Marques Neto é o convidado desta edição que proferirá a palestra “Articulações em torno do julgamento de Zé Bebelo em Grande Sertão: Veredas”, da obra de Guimarães Rosa. Zé Bebelo, é um dos personagens da obra que personifica o “chefe”, a astúcia, a sobrevivência. Torna-se, durante o desenrolar da estória, o líder dos jagunços.     

“A releitura que fiz do julgamento de Zé Bebelo me despertou reminiscências de minha infância passada no interior do Maranhão, em meio a lendas e assombrações, que se expressavam num linguajar muito próximo daquele que Guimarães Rosa põe na boca de seus personagens. Isso me inspirou a começar meu texto com um breve relato dessa experiência, vivida num ambiente que nada deve ao realismo mágico latino-americano, tão bem pintado por autores como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, entre outros”, ressalva Agostinho Ramalho.     

Num outro momento serão feitas rápidas considerações sobre o estilo e a enunciação literária; o "sertão" rosiano, com ênfase às formulações “o sertão está em toda parte” e “o sertão é dentro de nós”.             

Por fim, o professor fará algumas articulações tomando o julgamento de Zé Bebelo (um jagunço julgado por outros jagunços, ou seja, um julgamento entre "criminosos") como uma metáfora do que acontece num julgamento jurídico considerado "normal" e "legal", indicando pontos de aproximação e de afastamento entre essas duas ordens normativas e simbólicas, tomando como referência para minha leitura questões formuladas dentro de uma interlocução entre o Direito e a Psicanálise.       

O romance "Grande Sertão: Veredas", publicada em 1956, é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Guimarães Rosa fundiu nesse romance, elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento.  

A obra é uma narrativa do pós-modernismo brasileiro (geração de 45). Consiste em um longo diálogo/monólogo em que o protagonista, Riobaldo, velho jagunço que trocara a vida antiga pela tranquilidade da fazenda, narra a sua vida a um jovem doutor que chegou a suas terras.

Nessa obra de Guimarães Rosa, "o sertão é o mundo" e, um mundo que pode ser registrado, manipulado e transformado. Se o interesse especial de Rosa pelo espaço natural e cultural do sertanejo salta aos olhos dos leitores em cada trecho de sua obra, esse interesse, porém, aparece, não ocasionalmente, apenas como o fio da meada, como pretexto apenas para uma discussão maior sobre o ser humano e sobre o mundo, na verdade, sobre a relação sempre tensa, que se estabelece entre o ser humano e o mundo.
               
Todas as edições do Café Literário, realizado no Centro de Criatividade, são abertas ao público de forma gratuita.

FONTE: SECMA

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